terça-feira, 3 de setembro de 2013

Precisamos pensar!


Como usar os gêneros para ensinar leitura e produção de textos



Como usar os gêneros para ensinar leitura e produção de textos
Anderson Moço

Como usar os gêneros nas aulas de Língua Portuguesa?

Todo dia, você acorda de manhã e pega o jornal para saber das últimas novidades enquanto toma café. Em seguida, vai até a caixa de correio e descobre que recebeu folhetos de propaganda e (surpresa!) uma carta de um amigo que está morando em outro país. Depois, vai até a escola e separa livros para planejar uma atividade com seus alunos. No fim do dia, de volta a casa, pega uma coletânea de poemas na estante e lê alguns antes de dormir. Não é de hoje que nossa relação com os textos escritos é assim: eles têm formato próprio, suporte específico, possíveis propósitos de leitura - em outras palavras, têm o que os especialistas chamam de "características sociocomunicativas", definidas pelo conteúdo, a função, o estilo e a composição do material a ser lido. E é essa soma de características que define os diferentes gêneros. Ou seja, se é um texto com função comunicativa, tem um gênero.

Na última década, a grande mudança nas aulas de Língua Portuguesa foi a "chegada" dos gêneros à escola. Essa mudança é uma novidade a ser comemorada. Porém muitos especialistas e formadores de professores destacam que há uma pequena confusão na forma de trabalhar. Explorar apenas as características de cada gênero (carta tem cabeçalho, data, saudação inicial, despedida etc.) não faz com que ninguém aprenda a, efetivamente, escrever uma carta. Falta discutir por que e para quem escrever a mensagem, certo? Afinal, quem vai se dar ao trabalho de escrever para guardá-la? Essa é a diferença entre tratar os gêneros como conteúdos em si e ensiná-los no interior das práticas de leitura e escrita.
Essa postura equivocada tem raízes claras: é uma infeliz reedição do jeito de ensinar Língua Portuguesa que predominou durante a maior parte do século passado. A regra era falar sobre o idioma e memorizar definições: "Adjetivo: palavra que modifica o substantivo, indicando qualidade, caráter, modo de ser ou estado. Sujeito: termo da oração a respeito do qual se enuncia algo". E assim por diante, numa lista quilométrica. Pode até parecer mais fácil e econômico trabalhar apenas com os aspectos estruturais da língua, mas é garantido: a turma não vai aprender. "O que importa é fazer a garotada transitar entre as diferentes estruturas e funções dos textos como leitores e escritores", explica a linguista Beth Marcuschi, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

É por isso que não faz sentido pedir para os estudantes escreverem só para você ler (e avaliar). Quando alguém escreve uma carta, é porque outra pessoa vai recebê-la. Quando alguém redige uma notícia, é porque muitos vão lê-la. Quando alguém produz um conto, uma crônica ou um romance, é porque espera emocionar, provocar ou simplesmente entreter diversos leitores. E isso é perfeitamente possível de fazer na escola: a carta pode ser enviada para amigos, parentes ou colegas de outras turmas; a notícia pode ser divulgada num jornal distribuído internamente ou transformado em mural; o texto literário pode dar origem a um livro, produzido de forma coletiva pela moçada.
Os especialistas dizem que os gêneros são, na verdade, uma "condição didática para trabalhar com os comportamentos leitores e escritores". A sutileza - importantíssima - é que eles devem estar a serviço dos verdadeiros Conteúdos os chamados "comportamentos leitores e escritores" (ler para estudar, encontrar uma informação específica, tomar notas, organizar entrevistas, elaborar resumos, sublinhar as informações mais relevantes, comparar dados entre textos e, claro, enfrentar o desafio de escrevê-los). "Cabe ao professor possibilitar que os alunos pratiquem esses comportamentos, utilizando textos de diferentes gêneros", afirma Beatriz Gouveia, coordenadora do Programa Além das Letras, do Instituto Avisa Lá, em São Paulo.


Metade

METADE

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão...

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.
Oswaldo Montenegro

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Reforma da Língua Portuguesa



Reforma da Língua Portuguesa
O governo de Portugal aprovou, em março de 2008, a proposta do segundo protocolo modificativo do acordo ortográfico da língua portuguesa.
Contudo, a transição para a nova ortografia, por lá, só ocorrerá em 2014. O Brasil adotará a mudança já em 2010, quando os livros didáticos inscritos no Programa Nacional do Livro Didático terão de estar em conformidade com o novo acordo ortográfico.


HÍFEN
Não se usará mais.
  • quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo essas consoantes ser duplicadas, como em "antirreligioso", "antissemita", "contrarregra", "infrassom". Exceção: será mantido o hífen quando os prefixos terminam com r, ou seja, "hiper-”, "inter-" e "super-" como em "hiper-requintado", "inter-resistente" e "super-revista"
  • quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. Exemplos: "extraescolar", "aeroespacial", "autoestrada".


TREMA
Deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados.


ACENTO DIFERENCIAL
Não se usará mais para diferenciar
1. "pára" (flexão do verbo parar) de "para" (preposição).
2. "péla" (flexão do verbo pelar) de "pela" (combinação da preposição com o artigo).
3. "pólo" (substantivo) de "polo" (combinação antiga e popular de "por" e "lo").
4. "pélo" (flexão do verbo pelar), "pêlo" (substantivo) e "pelo" (combinação da preposição com o artigo).
5. "pêra" (substantivo - fruta), "péra" (substantivo arcaico - pedra) e "pera" (preposição arcaica).


ALFABETO
Passará a ter 26 letras, ao incorporar as letras "k", "w" e "y".


ACENTO CIRCUNFLEXO
Não se usará mais
1. na terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus derivados. A grafia correta será "creem", "deem", "leem" e "veem".
2. em palavras terminadas em hiato "oo", como "enjôo" ou "vôo", que se tornam "enjoo" e "voo".


ACENTO AGUDO
Não se usará mais
1. nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia".
2. nas palavras paroxítonas, com "i" e "u" tônicos, quando precedidos de ditongo. Exemplos: "feiúra" e "baiúca" passam a ser grafadas "feiura" e "baiuca".
3. nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com "u" tônico precedido de "g" ou "q" e seguido de "e" ou "i". Com isso, algumas poucas formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem


GRAFIA
No português lusitano
1. desaparecerão o "c" e o "p" de palavras em que essas letras não são pronunciadas, como "acção", "acto", "adopção", "óptimo", que se tornam "ação", "ato", "adoção" e "ótimo".
2. será eliminado o "h" de palavras como "herva" e "húmido", que serão grafadas como no Brasil - "erva" e "úmido"

terça-feira, 25 de junho de 2013

Atividades sobre Gêneros literários (narrativo, lírico e dramático)

Analise os três textos abaixo:

Texto I – Maria Chiquinha – Sandy e Junior
O que que você foi fazer no mato, Maria Chiquinha?
Eu precisava cortar lenha, Genaro, meu bem
Quem é que tava lá com você, Maria Chiquinha?
Era filha de Sádona, Genaro, meu bem
Eu nunca vi mulher de bigode, Maria Chiquinha
Ela tava comendo jamelão, Genaro, meu bem (...)

Texto II – Velha Infância - Tribalista
Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito...

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu amor... (...)

Texto III - Dezesseis – Legião Urbana
João Roberto era o maioral, o nosso Johny era um cara legal. /Ele tinha um opala metálico azul, era o rei dos pegas na asa sul , e de todo lugar. /Quando ele pegava no violão, conquistava as meninas e quem mais quisesse ver, /Sabia tudo da Janis, do Led Zeppelin, dos Beatles e dos Rolling stones,/Mas de uns tempos pra ca, meio sem querer, alguma coisa aconteceu/ Johny andava meio quieto demais, só que quase ninguém percebeu, oh,oh,oh/ Johny estava com um sorriso estranho, quando marcou um super pega no fim-de-semana,/ Não vai ser no casebre, nem no lago norte, nem na UNB/ As máquinas prontas, um ronco de motor / a cidade inteira se movimentou, /e Johny disse:-eu vou pra curva do diabo, sobradinho e vocês?/ E os motores saíram ligados ali, / Pra estrada da morte o maior pega que existiu,/ Só deu pra ouvir, foi aquela explosão, e os pedaços do opala azul de Johny pelo chão/ No dia seguinte, falou o diretor:-O aluno João Roberto, não está mais entre nós./ Ele só tinha 16, que isto sirva de aviso pra vocês./ E na saida da aula, foi estranho e bonito/ Todo mundo cantando baixinho/ Strawberry fields forever/ e até hoje quem se lembra,/ diz que não foi o caminhão/ nem a curva fatal, e nem a explosão/ Johny era fera demais pra vacilar assim/ E quem diga que foi tudo por causa de um coração partido/ Um coração../ Bye Bye Johny./ Johny bye bye

Exercícios
1. A que gênero literário (narrativo, lírico e dramático) pertencem as músicas:
a) Maria Chiquinha;
b) Velha Infância;
c) Dezesseis.

2. As características de um texto narrativo são personagens, tempo/lugar e ações. Analise a música “Dezesseis”:
a) Sobre o personagem principal, identifique-o e fale sobre a personalidade dele descrita no ínício da música.
b) É possível identificar quando e onde ocorreu a história?
c) Sobre “ações”, como podemos resumir a história apresentando o início, o meio e o fim dela?

3. A imagem que João Roberto aparentava correspondia com o que ele era na realidade? Explique.

4. João Roberto era jovem e tinha a vida toda pela frente. Você concorda com a postura e a concepção de amor dele?

5. Releia o texto:
a) Por que a música se chama “Dezesseis”;
b) Que mensagem o autor quis transmitir ao intitulá-la de “Dezesseis”.

Leia mais: 
Atividades (Aulas): Língua Portuguesa/Currículo Mínimo 2013
 

Gênero Lírico



Gênero Lírico

O gênero lírico e a musicalidade
 
O termo “lírico” vem do latim (lyricu) e quer dizer “lira”, um instrumento musical grego. Durante o período da Idade Média os poemas eram cantados e divididos por métricas (a medida de um verso, definida pelo número de sílabas poéticas). A combinação de palavras, aliterações e rima, por exemplo, foram cultivadas pelos poetas como forma de manter o ritmo musical. Logo, essa é a origem da métrica e da musicalidade na poesia. A temática lírica geralmente envolve a emoção, o estado de alma, os pensamentos, os sentimentos do eu-lírico, e também os pontos de vista do autor e, portanto, é inteiramente subjetiva.
Esse gênero é geralmente expresso pela poesia, contudo, não é toda poesia que pertence ao gênero referido, já que dependerá dos elementos literários inseridos nela.
Quanto à forma, da Idade Média aos dias de hoje, o estilo de poema que permaneceu com intensidade foi o soneto, poesia rimada, composta por quatorze versos, dois quartetos e dois tercetos, com métrica composta de versos decassílabos (dez sílabas) e versos alexandrinos (12 sílabas).
 Quanto ao conteúdo, predominantemente subjetivo, destacam-se:

• Elegia – vem do grego e significa “canto triste”; poesia lírica que expressa sentimentos tristes ou morte. Um exemplo frequente é “O cântico do calvário” de Fagundes Varela.
• Idílio e écloga – são poemas breves com temática pastoril. A écloga, na maioria das vezes, apresenta diálogo.
• Epitalâmio – na literatura grega é um poema de homenagem aos noivos no momento do casamento. Logo, é uma exaltação às núpcias de alguém.
• Ode ou hino – derivam do grego e significam “canto”. Ode é uma poesia que exalta algo e hino que glorifica a pátria.
 • Sátira – poesia que ridiculariza os defeitos humanos ou determinadas situações.

Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras

sábado, 22 de junho de 2013

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Livros e flores

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?
Machado de Assis

Gêneros Literários




Gêneros Literários
O gênero narrativo apresenta enredo, que é o conjunto de fatos encadeados; personagens, seres que vivem os fatos narrados e descritos, nesta relação de elementos há o diálogos e o tempo. No gênero dramático, o texto só atinge o seu objetivo quando encenado no palco.
O gênero dramático  apresenta uma história que é contada por um narrador e vivida pelos atores que representam as personagens. Há um espaço(cenário), as descrições sobre o cenário ficam em segundo plano, e o interesse do receptor pelo desfecho da história é acentuado conforme o “clímax” do roteiro.
No gênero lírico  o objetivo do emissor não é somente contar uma história, não predomina a presença de enredo, descrição ou personagem. O objetivo do texto é subjetivo, ou seja, expressar a realidade do eu-poético, escritos em verso.
Cada gênero considera as definições na qual pertence e o seu conteúdo, na visão clássica os três são muito bem distintos, na visão moderna aceita-se a fusão dos três. Em tese nenhuma obra apresenta absolutamente as características de um único gênero literário.
O lirismo é muito identificado nas poesias, mas quando a poesia é encenada em palco ela pode receber do emissor e da pessoa que interpreta o texto um certo grau de dramaticidade. O gênero narrativo pode ter sua história adaptada para uma encenação em teatro, tv e cinema.